Jatos privados portugueses provocaram tantas emissões como 140 mil portugueses em 2024

Enquanto a toda a sociedade é pedida uma redução de emissões poluentes, os jatos privados e o seu contributo para as alterações climáticas continuam a bater recordes. Portugal é um dos 10 países do mundo com maiores emissões por jatos privados.

O número de jatos privados registados em Portugal aumentou de 145, em 2023, para 153 em 2024. As emissões destes jatos aumentaram de 277 000 toneladas de CO2 em 2023 para 283 000 toneladas em 2024. Estes valores correspondem às emissões anuais de 141 mil portugueses. (1)

Este resultado provém da atualização dos dados de emissões de jatos privados em privateaircrafts.eu, operado pelo investigador Jorge Leitão, co-autor do estudo “Private aviation is making a growing contribution to climate change”, publicado em 2024 na prestigiada Nature Communications, Earth & Environment.

O facto de Portugal ocupar uma posição cimeira nas emissões de jatos privados deve-se à presença da subsidiária Europeia da maior empresa de jatos privados do mundo, NetJets Europe, que tem sede em Portugal e detém a maioria da frota portuguesa, operando em Portugal e na Europa.

Neste panorama, Portugal permanece nos 10 países de todo o mundo com maiores emissões absolutas por jatos privados, estando abaixo apenas dos Estados Unidos, Canadá, Malta, Alemanha, Reino Unido, México e Brasil.

A ATERRA questiona se podemos aceitar que uns poucos multimilionários, apenas para manter hábitos de viagem supérfluos, luxuosos e ultra poluentes, possam ter um impacto tão devastador para o nosso clima como dezenas de milhares de pessoas.

Os jatos privados constituem apenas o exemplo mais escandaloso de um setor cujas emissões não páram de crescer, e qualquer compromisso climático credível implica proibir as emissões por jatos privados, o fim dos projetos de expansão de infraestrutura aeroportuária e uma redução drástica do tráfego aéreo permitido em Portugal.

Medidas simples e sensatas como o fim da isenção de impostos sobre os bilhetes e o combustível dos aviões, ou a implementação de uma taxa sobre voos frequentes, contribuirão para que a riqueza injustamente acumulada seja utilizada para a recuperação da ferrovia, para a regeneração dos ecossistemas e por um futuro “com os pés na Terra”.

(1)
Segundo os dados da União Europeia relativos ao dióxido de carbono equivalente (CO2e), medida internacionalmente padronizada utilizada para representar os demais gases com efeito de estufa em forma de dióxido de carbono.

Apesar de este facto ser omitido pelos governos e pela indústria da aviação, os impactos climáticos das emissões da aviação são três vezes maiores do que apenas o CO2. Os efeitos não-CO₂ da aviação incluem os óxidos de azoto (NOx), dióxido de enxofre (SO2), os rastos de condensação, vapor de água e partículas.

Outras notícias sobre o tema:

https://www.publico.pt/2024/11/07/azul/noticia/emissoes-co2-aviacao-privada-crescem-necessario-limitar-elite-rica-investigador-2110848

https://www.esquerda.net/artigo/jatos-privados-portugal-ocupa-podio-de-paises-com-maior-intensidade-carbonica/85787

https://www.zeit.de/wirtschaft/2025-01/privat-jet-fluege-co2-emissionen-klimaschutz?freebie=594327e1

 

Imagem: Stay Grounded

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