De Lisboa a Melbourne, de Amesterdão à Cidade do México, mais de 130 organizações por todo o mundo juntaram-se para declarar o dia de hoje, 13 de setembro, como Dia Internacional pela Proibição dos Voos Noturnos nos Aeroportos.
“Vemos o Dia Internacional da Proibição dos Voos Noturnos nos Aeroportos como um sinal claro e duradouro contra a inaceitável violação dos direitos das pessoas nas imediações dos aeroportos. Os danos para a saúde e para o clima são desproporcionados em relação a qualquer alegada necessidade de descolagens e aterragens noturnas“, afirmamos na nossa declaração.
Frankfurt, Bruxelas, Luxemburgo, Barcelona, Marselha, Londres, são várias das cidades europeias que, como Lisboa, têm testemunhado um aumento do tráfego aéreo e uma degradação da saúde e da qualidade de vida. Neste dia 13, as populações dizem basta à impunidade com que o setor da aviação continua a aumentar os voos e a procurar lucros à custa da saúde das pessoas e do planeta.
A operação atual do Aeroporto Humberto Delgado viola as Orientações em Matéria de Ruído Ambiental da OMS e a própria legislação portuguesa, expondo mais de 100.000 pessoas a níveis de ruído acima do limite legal. Isto não prejudica apenas a qualidade do sono, como aumenta significativamente o risco de morbilidade e mortalidade de origem cárdio-vascular, e afeta as capacidades cognitivas e de aprendizagem em crianças e jovens.
A literatura científica é inequívoca em relação aos perigos do ruído e da queima de combustível dos aviões na saúde das populações, que incluem degradação da qualidade do sono, lesões vasculares, doenças cardíacas, hipertensão arterial, patologia cardiovascular e acidente vascular cerebral.
No Aeroporto de Lisboa, cujo número de passageiros duplicou desde 2013, o limite de voos noturnos transgride constantemente o máximo legal. Só durante as últimas duas semanas de agosto, a associação ZERO contabilizou mais de mil voos no horário entre as 23h e as 7h, isto sem contar com voos de carga, charters ou jatos privados.
A ATERRA defende a interdição de voos no Aeroporto Humberto Delgado entre as 23h e as 7h, salvo eventuais atrasos e aterragens de emergência.
No passado dia 3 de setembro, numa reunião da Câmara Municipal de Lisboa dedicada aos riscos de um aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado, o Movimento Morar em Lisboa denunciou que a operação atual do aeroporto prejudica a saúde de centenas de milhares de cidadãos, destrói o tecido social devido à turistificação da cidade e é incompatível com a urgente redução de emissões de gases com efeitos de estufa.
Numa cidade com capacidade atual para 36 movimentos aéreos por hora, que são já absolutamente insustentáveis, o governo e a ANA Aeroportos insistem em aumentar o tráfego aéreo para 48 movimentos por hora.
O movimento ATERRA solidariza-se com todas as pessoas que, em Lisboa e no resto do mundo, vêem diariamente a sua saúde ameaçada pelo tráfego dos aeroportos, e opõe-se a qualquer projeto de expansão da capacidade aeroportuária em Lisboa, seja pela expansão do aeroporto atual, seja pela construção de um novo aeroporto.
Propomos uma redução dos voos permitidos em Lisboa e o estabelecimento de limites ao tráfego aéreo em todos os aeroportos nacionais, de forma a respeitar o bem estar e a vida das populações, atuais e futuras.