Carta aberta apela à proibição dos jatos privados

Mais de oitenta organizações da sociedade civil europeia lançaram este mês uma carta aberta apelando aos decisores políticos nacionais e europeus para proibirem os jatos privados e taxarem as viagens frequentes.

Como explica a carta: “A devastação está a ser provocada por uma pequena classe de elites ricas e hipermóveis, que são incentivadas a fazer voos de luxo através de programas de passageiros frequentes, e algumas das quais esbanjam a sua riqueza em jatos privados desnecessários e super poluentes. Felizmente, existem soluções políticas viáveis para esta crise de ganância”.

A carta aberta é assinada por organizações da sociedade civil portuguesa como ATERRA, Climáximo, Morar em Lisboa ou Rede para o Decrescimento, e continua aberta a subscrições.

É endereçada nomeadamente à Comissária Europeia dos Transportes, Adina Vălean, e ao ministro das Infraestruturas e dos Transportes do governo português, João Galamba.  

A carta argumenta que “enquanto a maioria de nós se debate com uma crise de custo de vida, as vendas de jatos privados irão atingir um recorde este ano”. 

“Um bilionário prejudica tanto o clima com um voo de onze minutos como vários indivíduos da parte mais pobre da população mundial durante toda a sua vida. Não podemos abrir mais excepções para os super-ricos. Temos de proibir os jactos privados e, em vez de recompensar os passageiros frequentes com programas de milhas aéreas, é altura de taxar os voos frequentes”, afirma Sean Currie, da rede Stay Grounded, que junta centenas de organizações de todo o mundo pelo decrescimento da aviação. “As políticas são fáceis de implementar, agora temos de mostrar aos políticos que existe apoio público para acabar com esta injustiça climática”.

Esta carta aberta surge após as manfestações “Casa para Viver, Planeta para Habitar”, e após meses de ações de denúncia da desigualdade da aviação, que incluiu ações de como o bloqueio do aeroporto de Tires ou da prinipal feira de jactos privados oem Genebra. 

Portugal surgiu nos últimos dois anos no “top 3” das rotas da aviação privada europeias com maior intensidade de emissões de dióxido de carbono (CO2), e é um dos dez países com mais emissões causadas pelos voos de jatos privados em 2022, de acordo com um relatório da consultora ambiental CE Delft e da Greenpeace. É o aumento de tráfego entre o aeroporto de Lisboa e o Aeroporto Municipal de Cascais (Tires) – uma distância de 20 quilómetros – que colocou Portugal no topo desta tabela desde 2021.

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